segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MARY E MEDO

' E hoje perdi um medo. Entrei no bairro ao lado. Joana, nao há mesmo diferencas nenhumas. Somos todos iguais. So tenho que me habituar a terra, ao pó que teima em pousar, ao calor que nao respeita a minha vontade, as melodias dos anos 80, as mangas a cair no telhado, a tudo aquilo que nao me pertence. Depois deixo de ter medo....quando me habituar.
Hoje o passo foi meu, porque entrei no bairro ao lado, o bairro da Mary.'

TIO ANTÓNIO


'Enquanto espero que a agua encha o balde, o Manuel traz o pequeno-almoço ao tio António. E o nosso jardineiro. Pequenino e esquecido da própria idade, vive num mundo próprio aliado do próprio mundo. Fala tetum, mas não comunica muito, pelo menos da forma convencional. Acho que se estivermos atentos, percebemos o que nos quer dizer. Sorri o tempo todo, acho que e feliz. Trabalha muito no nosso quintal e o jardim ‘e o território dele. Com três porções de relva plantadas, meia dúzia de baloiços e uns 40 m2 de empedrado, ‘e aqui que ele passa os dias, com uma concentração profissional invejável, como se para o dia de amanha, as ordens fossem sempre as mesmas. Os chinelos, quase gastos, arrastam-se a uma velocidade lenta, apenas a necessária, e decidida porque os dias são viciados. Que bom que e poder estar aqui, sentir o cheiro constante a banana frita, um cheiro húmido e quente, que não sai, que fala e grita ‘Timor’, sempre que se sente.
De um lado, a zona rica do bairro. As crianças estão zangadas com o Manuel, por ter castigado um menino que atirou uma pedra. As casas da família grande estão ainda em construção, cimento, madeira e telha cerâmica na cobertura. O tecto interior em madeira também. Os perfis das caixilharias são simples e finos. Adoro a proporção das janelas.
Do outro lado, a zona pobre e esperta. A família da Ato e da Mary, as meninas queridas, princesas da ludoteca.
Parece fácil estar aqui, e digo isto depois de um banho de balde (o segundo de hoje), que incluiu cabelo. Um espaço no chão delimita a banheira e o balde grande enche-se todos os dias.
Não sei bem explicar o que sinto. Sinto que me misturo com estas pessoas, aos bocadinhos. Começo a viver como elas, desprendida de hábitos, vícios e coisas. Continuo um bocadinho vaidosa, mas vaidosa a minha maneira. Um vício difícil de perder 'e deixar de sorrir. E ainda bem!'

terça-feira, 9 de setembro de 2008

ESTRANHA SERENIDADE


Acabei a mala neste preciso instante, mas há tanta coisa que não cabe.
E não cabe em mim, porque pesa muito.
Espero que as hospedeiras não reparem no peso extra, que não cabe em mim,
que transborda. Vou fazer um esforço para disfarçar.

Mas juro que me vingo no regresso...vou trazer muito mais do que tudo aquilo que já levo.
E não fico com tudo o que juntei e ganhei só para mim!
Este blog será a maior prova disso :).

Até breve!

*Joaninha

domingo, 7 de setembro de 2008

COMEÇO HOJE

E começo hoje.
Escolhi preto, porque ainda não cheguei.
Não sei qual vai ser a minha cor preferida.
Disseram-me que lá, o cheiro se entranha na pele, sem pedir licença.
Não sei qual vai ser o meu.
Estou disponível . . .para Amar.


**
And i start today.
I chose black, because i haven´t arrived yet.
I do not know which colour will be my favourite.
I've been told that there, the smell penetrates your skin, without permission.
I do not know which will be mine.
I'm in the mood...for Love.